terça-feira, 21 de janeiro de 2014

GUERNICA DE PABLO PICASSO - A minha interpretação

Mais do que um testemunho ocular, é a consternação do pintor patente em cada traço, em cada figura e que permanecerá para todo o sempre como forma de nos lembrar a intemporalidade do sofrimento.
Assim, o quadro constitui uma espécie de friso que se liga naturalmente da esquerda à direita, tanto pelo dramatismo das imagens e das formas como pelas cores utilizadas (o cinzento, o preto, o branco aliadas a um tom pardacento)  que evocam a morte no seu sentido mais amplo.
Aproximando o olhar, deparo-me com a imagem de uma mãe que, mais do que chora, grita a morte do filho que jaz nos seus braços, expressão de fragilidade, de impotência perante tamanha atrocidade.
Ao cimo, um touro, símbolo da brutalidade, cujo olhar denota a frieza e a crueldade do ataque.
Em baixo, um homem caído, decapitado e desmembrado, segurando uma espada partida na mão, da qual parece nascer uma frágil flor, símbolo da esperança e de paz, conquistada com o sangue de tantas vítimas. 
Ao centro, um cavalo, o povo, a expressão da dor infligida, da dor coletiva. Cavalo este pintado de forma a lembrar páginas dos jornais, para que a memória perdure.
Do lado direito, duas mulheres que, de braços erguidos, implorando aos céus, ou de rastos tentando fugir da morte, lembram a violência do ataque e a condição humana das vítimas.
Há, no entanto, uma réstia de esperança, uma lanterna que ilumina o povo e o incita à resistência, ao combate.
Toda a cena é dominada pelo olho/lâmpada que nos pretende lembrar que tudo aconteceu às claras, em plena luz do dia. É o olho da consciência humana.

Concluindo, este quadro intemporal de Picasso encerra em si uma mensagem humanista tão real e atual que é impossível ficar-lhe indiferente, mesmo sem conhecer o acontecimento que está por trás da sua criação. Esta imagem constitui, por isso, um verdadeiro documento histórico.





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